John Scalzi, Barbie, e outras pessoas
Essa Rapidinha ⚡️ tem livros, filmes, e piada com attenzione pickpocket.
Toda vez que eu termino um livro bom eu quero voltar a escrever. E toda vez que eu quero voltar a escrever eu, ao invés de voltar a escrever, venho aqui e faço uma Rapidinha. É simples: eu to (no fim das contas) escrevendo e, ao mesmo tempo, não tô.
Portanto, utilizando a belíssima técnica de procrastinação que eu chamo de produção de desvio, utilizarei essa energia em mais uma Rapidinha, a seção de notas e novidades de minha newsletter.
Quem quer dinheiro?
Quem lembra daquele livro/filme O Segredo? Bem, eu fui um dos trouxas que leram o livro e, por pouco, não acreditei no montão de baboseiras1 que ele trazia. Aprendi, porém, que chamar as coisas pra si realmente dá certo — não com um mural de imagens como o livro sugere, mas com ações afirmativas para que as coisas aconteçam.
Nessa toada, resolvi abrir um modo de contribuirem com a produção dessa joça newsletter, ou seja, você pode me dar um dinheirinho se tiver umas moedas sobrando — toss a coin to your witcher e tal. Pensei que seria uma ação que não teria resultado algum — afinal, vou continuar produzindo com a mesma frequência, de graça, pra todo mundo…
Até eu receber uma colaboração, do nada. Fiquei “caraca maluco, deu certo".
Então, no melhor modo O Segredo, deixo aqui o linkzinho para você me dar uns trocados — uma forma de me mostrar que estou no caminho certo e produzindo coisas que você acha interessantes.
John Scalzi é bom demais
Obrigado Giovana Bomentre por ter, um dia, postado uma foto com um livro do homem e ter dito “é bom, pode ler”.
De janeiro pra cá, li oito livros do Scalzi — acabei de terminar The Kaiju Preservation Society, 4 estrelas de pura aventura e diversão com ciência, bom humor e cloacas gigantescas — e gostaria de recomendar alguns para vocês.
Em tempo: uma rede social que eu gosto bastante e que tem pouquíssima gente que eu conheço é o GoodReads. Lá eu coloco todos os livros que li, faço resenhas — as vezes mini, as vezes maiores — e exibo que já li 33 livros dos 40 que coloquei como meta pra 2023 — sim, eu ando muito sozinho, como percebeu? Me siga lá e eu sigo de volta.
Vou recomendar 3 obras do autor pra você se deliciar com uma leitura leve, com muita diversão e personagens cativantes.
Old Man’s War
Já imaginou ficar velhaco com 75 anos e ser enviado pro espaço em um corpo reconstruído para uma guerra interplanetária ao invés de morrer, decrépito e pelancudo, na Terra?
Esse é o plot básico de Old Man’s War. O primeiro, uma sátira de Starship Troppers, é uma história militar que tira sarro do próprio militarismo. É um livro divertido, engraçado, e cheio de pew pew pew contra alienígenas ameaçadores. Vale demais se você curtiu o filme de Starship Troopers — se você curtiu o livro acho que deve parar de ler essa newsletter, eu sou de esquerda.
Redshirts
Já imaginou ser um dos extras de uma série tipo Star Trek — porém com ainda menos orçamento — e descobrir que você é um dos camisas-vermelhas destinados a morrer só pra trama continuar avançando?
Redshirts é uma sátira a séries de ficção científica e como seus plots são desenvolvidos, como personagens são descartáveis e — a parte mais engraçada — como nada faz nenhum sentido científico: é tudo technoblabber e suspensão de descrença.
O livro é genial pois serve para quem nunca assistiu um episódio sequer de Star Trek, mas traz Easter Eggs para quem gosta das séries — tipo uma viagem ao passado com “não podemos mudar nada para não gerar um problema temporal”, tão comum nas séries e filmes. Divertidíssimo e despretensioso.
The Kaiju Preservation Society
Já imaginou descobrir que Godzilla — e outros monstrengos gigantes — existem de verdade, e que uma organização cuida para que eles vivam em paz e harmonia, principalmente não deixando eles invadirem nosso planeta e tocarem o puteiro?
Uma aventura bem direta ao ponto e com personagens bastante humanos, KPS é um livro divertidíssimo, sem muitos plot twists ou grandes revelações, mas que vai te fazer dar risadas e odiar CEOs startupeiros e bilionários ainda mais. Vale demais.
Extra: a igreja
Já imaginou estar buscando um escritório novo e, ao invés de alugar uma casa comercial, você comprar uma igreja — com bancos, órgão, e púpito?
Bem, esse não é um livro de Scalzi, mas é a vida dele. O maluco comprou uma igreja e tá transformando em um lugar pra trabalhar… sem muitos planos mas com muita ambição. Dá pra você ler mais aqui. Esse é o escritor dos livros que eu quero ler, com certeza.
Agora eu também quero uma igreja para chamar de minha.
Um ano de Grammarly
Grammarly, pra quem não conhece, é uma ferramenta gratuita que corrige erros, altera construções e até sugere novas formas de escrever algumas frases. A versão grátis é um must, e a paga diz trazer alguns benefícios extras. Como estava escrevendo muito em inglês, resolvi comprar e ver se era isso tudo.
Bem.
É isso tudo.
Sinto falta pra caralho do Grammarly agora que escrevo só em português. As linhazinhas verdes, azuis e vermelhas que sublinhas minha escrita safada e sem vergonha, transformando frases longas e demasiadamente complexas como essa em sentenças simples e fáceis de serem lidas, mudam muito o jeito que você escreve.
Eles inventaram uma parada com IA recentemente e eu não consegui testar, então não posso falar nada sobre ela. Os recursos premium são bem legais e, pra eu que ganho em Euro, o custo de € 12 por mês fazia sentido.
Como agora só escrevo em português, cancelei minha assinatura, e eles logo me ofereceram mais um ano pela metade do valor. Fiquei tentado mas recusei.
Por favor, alguém crie um Grammarly para português — eu pago, em Euro, veja só. Tenho dó dos leitores que precisam aguentar minha escrita prolixa e, convenhamos, risível.
Sou a ☢️ Barbie Girl ☢️
Fui ver o filme da vez no cinema e adorei. Tenho várias opiniões sobre Barbie mas não vou gastar saliva aqui — procure outras pessoas, principalmente mulheres, e leia a opinião delas. O “é bom, pode ver” é o máximo que vou dizer pra vocês.
Por exemplo, leiam a ótima newsletter da
(que eu tenho um crush intelectual FODA, confesso) em que ela fala sobre o filme e sobre como “Essas obras te levam a pensar que não há nada para se imaginar além do capitalismo. Se você acabar com ele, o mundo inteiro acaba junto. Não há alternativa e a ilusão de escolha que esses filmes tentam passar é que apenas mudanças pequenas serão possíveis dentro dessa estrutura. E sempre mudanças do indivíduo, nunca mudanças coletivas.”Pesadão.
Diferente do que muita gente achou que eu faria — pois, bem, sou um cinéfilo — não fui e nem vou ver Oppenheimer. Primeiro que tenho uma pulga atrás da orelha com Nolan, segundo que attenzione! Propaganda! Attenzione!
Mesmo sabendo que a melhor forma de crítica é feita por quem não viu o filme — vulgo Choque de Cultura — não vou perder meu tempo com isso. “Ah mas o filme é profundo e bla bla bla” — bicho, é um filme norteamericano sobre esse homem branco norteamericano que fez um monte de merda e ele é suuuuper complexo e suuuuper transtornado, que dó, que coitad — PROPAGANDA!
Vá ver Barbie e pau no cu do Nolan.
Leia as pessoas
continua escrevendo bem pra caralho e sempre me deixando “porra men” das idéias.(Aliás, se você escreve newsletters, a Vanessa vai dar uma oficina show+top=shop)
Outro recente newsletteiro que tá começando a entender os formatos é o genial William Mur — colaborador desde a primeira edição do Tempos Fantásticos, diretor e roteirista de vários vídeos que fiz para a Folha, e marido da minha ex-mulher. Deem uma força assinando lá, vale a pena.
Uma pessoa low profile que eu gosto muito de ler é a
, principalmente na aplicação dela da Comunicação Muito Violenta (CMV).Diferente da Lígia, a
é zero low profile e, mesmo sendo uma liberal ancap sem vergonha, gosto bastante de ler sobre como é sua vida como sex-worker, pessoa pública e cientista de dados. Suas newsletters cheias de gráficos e números sobre sexualidade me deixam com os olhos brilhando.(Sim, é ela a pessoa do twitter que não toma banho, mesmo assim acho que vale a pena sacar um pouco da sua escrita antes de jogar tudo pro lado)
Pra acabar essa Rapidinha demorada pra cacete, vou fazer o loop e voltar pro tema que a iniciou: escrita. Eu demorei muito pra me definir como escritor, e agora com a edição do livro do Tempos Fantásticos (eu já falei sobre isso aqui? Vocês sabem do que eu to falando? Não lembro), olho pras quase 400 páginas de material e falo: caralho mermão, eu sou escrito mesmo.
A
escreveu sobre ser escritor e eu suspirei e pensei: tá na hora de parar de escrever newsletter e ir lá escrever o cacete do livro, né?Essa foi mais uma Rapidinha. Recomende pras pessoas e me dê um trocado se achou que valeu a pena lê-la até aqui.
Neste momento, escrevo esse texto vestindo um colarzinho que tenho com um pingente de uma carta de tarô. Sim, eu chamo O Segredo de baboseira mas leio tarô e boto a maior fé. Deve ser coisa de aquariano com ascendente em aquário.