Demorei um tempão para entender a importância de se ter uma boa definição de valores próprios.
Já havia visto um monte de empresa com aquela coisa de Missão, Visão e Valores, o que sempre soou pra mim como um monte de baboseiras estilo aqueles odiosos posts de LinkedIn. “Ah porque nossa missão é ser a melhor empresa de plásticos injetados do sudeste brasileiro”… me parece a missão de qualquer empresa de plástico injetado que se situa nessa região — ou tem alguma querendo ser a pior?
I digress.
O que me fez pensar muito nessa coisa de missão, visão, e valores, foi o livro 50% ótimo The Career Manifesto, de Mike Steib. O livro apresenta uma série de atividades e exercícios para que você entenda o que quer na sua vida profissional, quais sonhos são possíveis e o que você precisa começar a fazer para alcançá-los — e a outra metade do livro é um monte de coisa do tipo “durma 8h por noite” e “coma refeições balanceadas”, claramente lá só para rechear o miolo, por isso 50% ótimo.
Em certa parte, o autor propõe um exercício de reflexão sobre nossos próprios valores: quais são as coisas que nos movem fora da estagnação e que nos fazem rejeitar propostas atraentes? O que levamos em nossa vida como principais pilares do nosso comportamento?
Sim, eu sei que parece papo de coach, mas só consegui entender que essa reflexão era importante depois de me colocar em um espaço de vulnerabilidade e de enfim fazer o tal exercício. Foi maravilhoso olhar para os termos que surgiram:
Comunicação, Honestidade, Transparência, Empatia, Liberdade e Autenticidade. Para facilitar minha própria reflexão, resumi esses valores nos três primeiros termos e foquei neles.
Antes de continuar falando sobre meus valores, quero já te oferecer um jeito de descobrir os seus. Há um site que te dá várias opções de termos que podem fazer sentido para sua vida — coisas que você valoriza e que não abre mão na hora do perrengue.
Clique aqui para entrar no site e fazer o exercício. Um aviso: não escolha muitos termos no primeiro passo para não precisar de quarenta minutos para preencher o segundo (eu precisei, mesmo).
Meu resultado foi esse (para a surpresa de ninguém).
Comunicação
Não tem muito segredo: as coisas precisam ser ditas. Uma vez ouvi que “só há um problema quando se fala em voz alta” e, de primeira, não gostei. Pensei “então uma pessoa sofrendo bulying que nunca fala sobre ele não está sofrendo?” Demorei para entender que, até que seja comunicado, há uma situação, não um problema.
Só quando a situação é compartilhada que podemos vê-la com outros olhos e buscar soluções. Claro que quem precisa falar sobre não é necessariamente a vítima — quem vê o bulying e não denuncia também é participant — mas que é necessário ser dito, é.
Por isso, levo a comunicação como meu valor principal, a coluna central da minha vivência. Eu falo, escuto, discuto, reflito, e gosto de trocar. Só assim que as pessoas vão saber das minhas felicidades e sofrimentos, e que eu vou saber de suas angústias e vitórias.
Honestidade
Porém, não há como se ter comunicação sem confiança. De que adianta sentar para ouvir um mentiroso? Ou alguém com segundas intenções, subterfúgios, e métodos para se sair melhor do que os outros?
A honestidade é o segundo pilar dos meus valores principalmente porque, sem ela, não há comunicação de qualidade. É necessário que as pessoas se coloquem em um estado de honestidade mútua — sabendo que a verdade machuca e se prontificando para fazer o melhor para que a dor seja mitigada, mas não suprimindo a verdade por dó.
Se fossemos mais honestos uns com os outros, muitos problemas seriam resolvidos mais rapidamente.
Transparência
Ligada a essas duas colunas está a transparência. Em minha vivência, não adianta só ficar em um estado passivo. Preciso agir e transmitir o que penso para que as pessoas fiquem todas na mesma página, para que ninguém tome atitudes presumindo o que eu acho. Eu mesmo falo.
Tento viver sem segredos; sou aberto quanto às minhas posições políticas, minhas intenções românticas, o que me dá tesão, o que eu gosto de fazer aos fins de semana, como gosto de agir no meu trabalho e quais tipos de desaforo perdoo instantaneamente e quais não levo para casa.
A transparência me traz paz. Com ela, sei que não vão pensar coisas sobre mim que não seja verdade — e que, se pensarem, é responsabilidade das pessoas, e não minha. Elas não se deram o trabalho de perguntar. Eu, com certeza, iria responder, e as dúvidas seriam sanadas.
Empatia, Liberdade, Autenticidade
Esses três termos também fazem parte do que vi como valores pessoais.
É necessário haver empatia para que haja comunicação de qualidade e honestidade — afinal, só com empatia que se pode tentar ao máximo entender o ponto de vista alheio.
Não existe transparência sem liberdade; como ser aberto sem poder ser aberto? É por isso que bato de frente com pessoas alinhadas politicamente à direita, já que muito de suas crenças focam em cercear e não libertar.
Já fui chamado de autêntico por pessoas que admiram como sou direto em relação a certos assuntos. Não estou fazendo nada além de praticar a comunicação ativa, trazendo assuntos importantes à tona, e tentando conquistar a confiança das pessoas para que a honestidade seja alcançada.
Quais são os seus valores pessoais?
Obviamente você clicou no link e fez o exercício, certo? O que acha de comentar sobre eles aqui nos comentários, ou até citando essa edição em sua própria newsletter?
(Sim, esse sou eu puxando um jabá gratuito na newsletter alheia, esse é meu jeitinho de ser)