Nesta edição do Cronofobia:
O tema principal
Tempos Fantásticos
Shift (Silo #2)
Ship of Magic
O Crime do Bom Nazista
W40K: Rogue Trader
Tempo de leitura: ± 6 minutos
O tema principal
Toda vez que a gente colocava “é importante frisar” ou algum termo semelhante durante faculdade de jornalismo os professores falavam em voz alta “importante pra quem?” e aí eu aprendi que o jornalista não pode ter opinião nem personalidade.
Quando entrei na Folha descobri que isso era uma baita mentira — jornalista tinha sim que ter personalidade e saber colocar sua alma nos textos, mesmo sabendo que ela seria estirpada e esquartejada pelo editor antes do jornal ser impresso. Sendo diagramador — e vendo, muitas vezes, a primeira versão de textos — presenciei ótimos parágrafos sendo cortados pois o sem vergonha do jornalista escreveu 90 centímetros ao invés dos 45 que cabiam na página.
Já disse isso aqui anteriormente: aprendi muito sobre escrita com o jornalismo, mas também criei hábitos que hoje considero horríveis. Não consigo pegar um texto de alguém amigo para ler e não ligar o modo editor e começar a sugerir mudanças e “melhorias”. Não consigo escrever algo sem pensar que nesse parágrafo eu já perdi 40% das pessoas leitoras pois não fui direto ao ponto e não coloquei o mais importante lá em cima.
Escrevo com essas coisas na cabeça e (com a ajuda da minha amiga ansiedade) repenso constantemente se isso tudo está dando certo.
Objectives & Key Results
Lá em março eu havia definido uns números secretos pra eu conseguir medir se essa newsletter estava dando certo ou errado. Escrevi sobre aqui:
Antes de renomear (você viu que a newsletter tem um novo nome? Pois é) e recomeçar esse projeto, fui bater os números (português para “checar as OKRs”) e trago os resultados para análise.
Objetivo: aumentar minha frequência de escrita
Resultado chave: 1 newsletter por semana
Resultado observado: quase uma newsletter por semana, salvo alguns poucos hiatos
Objetivo: aumentar quantidade de inscritos
Resultado chave: 80 para 500
Resultado observado: 220 em Janeiro/24
Objetivo: ter uma boa porcentagem de abertura das newsletters
Resultado chave: 35%
Resultado observado: média de 45%
Quando eu abri a tabela eu já sabia: obviamente falhei miseravelmente em minha missão… porém as evidências são a salvação do ansioso.
Escrevi quase toda semana — tirando alguns hiatos por depressão ou estar mudando de país. Não consegui 500 seguidores (mas não tentei muito), e mesmo assim aumentei o número de seguidores em 175% — parece um número alto. A surpresa foi na porcentagem de aberturas de email — dizem que manter 25% já é um número ótimo. Eu bati 45%, uma métrica fenomenal.
Portanto, ao contrário do que eu imaginei, tá dando certo sim. Meu objetivo principal — escrever mais — foi alcançado e agora, como diz a poeta, é hora de dobrar a meta.
Cronofobia, a nova À Revelia
Mantenho esse nome “cronofobia” há um tempão. A primeira vez que o usei pra alguma coisa produtiva, lancei um site com zines diversos (que você pode acessar e baixar tudo gratuitamente).
Depois disso, comecei a usar o termo “cronofóbico” para me definir em todas as redes sociais — instagram, twitter (deadname sim), telegram, e o que viesse pela frente. Já devo ter explicado a razão de eu usar esse termo em outra edição, não vou me estender nesse tópico.
No antigo formato desta newsletter, tinha o plano de definir seções e publicar diferentes conteúdos em cada uma delas — por isso havia À Revelia (principal), Moanin’ (música), e Rapidinha (drops).
Não quero mais isso.
Agora a única categoria é essa mesmo: Cronofobia. Vou escrever sobre o que me der na telha e continuar produzindo no prazo que me apetecer e, se tudo der certo, você vai continuar me lendo e mandando minha newsletter pras pessoas que você gosta.
Por incrível que pareça, a pessoa que indiretamente me incentivou a continuar com isso desse jeito foi meu amigo
. De vez em nunca cai na minha caixa de entrada uma edição de sua newsletter, e o tema é basicamente ele falando da vida (provavelmente com Pitu até o talo).Eu gosto de ler as coisas que Onirê escreve. Independentemente se ele faz isso uma vez a cada três meses, eu vou continuar assinando sua newsletter pois gosto do que ele fala.
Refleti e cheguei à conclusão que quem quiser ficar aqui, vai ficar. E quem quiser ir, vai embora. E, como vivo eternamente nessa impermanência, acumulando traumas e experiências que me fazem acreditar piamente que absolutamente nada é pra sempre, espero divertir a pessoa leitora pelo pouco tempo que ela passar comigo. Servir bem para servir sempre.
Rapidinha
Falei que não ia ter seção? Menti parcialmente.
Vou copiar a
e fazer um pegadão das coisas que tão rolando. Se acharem que vale a pena estender pra uma edição própria, por favor comentem aí abaixo (se estiverem no app do substack) ou respondam a esse email.Tempos Fantásticos
Continuo editando o livro do
(que agora tem sua própria newsletter!) e só aguardo a entrega da capa para continuar com a produção. VEM AÍ.Shift (Silo #2), de Hugh Howey
To lendo o segundo livro da série (literária) que originou a série (televisiva) Silo (Apple TV). Se você não conhece, Silo é um scifizão pós-apocalíptico a lá Fallout em que as pessoas moram em grandes construções dentro da terra e tem que viver nesse estado fascista e controlador. Até que alguém resolve quebrar regras. É bem foda, veja o trailer abaixo. A série de TV conta a história da metade do livro #1, ou seja, eu sei o que vem por aí e to ansiosíssimo.
Ship of Magic, de Robin Hobb:
Terminei de ler o primeiro livro da série The Liveship Traders depois de muita insistência da minha amiga pessoal Jana Bianchi — ela precisou de muita fortitude pra me fazer encarar essa jambrolha de 850 páginas.
O veredito? BOM PRA CARALHO. O livro tem piratas, magia, contrabando, gente amputando perna com uma serra e rum, famílias sendo destruídas pelo quasi-capitalismo, enfim, diversão pura. É longo demais? Sim, mas vale sofrer pelas partes mais extensas.
Confesso que li as últimas 100 páginas sob 225 microgramas de LSD enquanto estava literalmente dentro de um barco (sim), então sou suspeito quando digo que o final é eletrizante.
O Crime do Bom Nazista, de Samir Machado de Machado
Depois dessa trolha que foi Ship of Magic, sentei e engoli esse livro de apenas 128 páginas. Agora que Samir tá fazendo um curso com meu amigo
, já sinto que somos quase conhecidos.O Crime… é um livro de suspense policial com temas que me são queridos: nazistas se fodendo, alemães (em geral) se fodendo, e gays sendo trambiqueiras. Ele conta a história de um assassinato em uma viagem de Zepelim com destino ao Brasil — e essa viagem realmente aconteceu!
Foda demais saber que a história foi baseada na pesquisa do Samir com… selos. É o exemplo claro de uma caneta na mão e uma ideia na cabeça.
Warhammer 40k: Rogue Trader
Comecei a jogar esse CRPG de estratégia em turnos no universo de W40K e, putz, que zona da porra. Até o trailer é uma salada desgraçada:
Pra quem não sabe, W40K é um jogo de bonequinho que foi portado pra um bilhão de mídias — livros, jogos, quadrinhos, tão produzindo uma série, enfim — e que tem uma lore estranhona. É uma mistura de mundo futurista, magia lovecraftiana, e muito, mas muito fanatismo religioso. Sério, se você tem um pezinho sequer na igreja cristã, especificamente a católica, te dou um trigger warning: W40K é o sonho molhado do papa.
Bem, o jogo não me pegou muito exatamente pelo lore. Eu quero que a igreja se foda, e o jogo não deixa que eu siga esse caminho — se eu for pro caminho herético (um dos três, junto com “iconoclasta” e “dogmático”) eu perco a maioria dos meus companheiros e vou ter uma dificuldade foda de avançar.
Eu amo jogos nesse estilo — combate por turnos — e vou falar mais deles aqui no futuro.
Se você tem curiosidade em saber como W40K é originalmente e que tipo de nerdola joga essa parada, bem, tá aí o vídeo do gostoso do Henry Cavill — fascinado pelo negócio.
Se você quer que eu fale mais sobre qualquer coisa que eu citei nessa newsletter (ou que eu não citei, foda-se, faz o que você quiser) é só comentar no app ou responder ao email.
Espero que tenham curtido essa edição e nos vemos em breve.
Muito legal! Primeira que eu leio e curti o formato.
que bom que voltou, é sempre um prazer ler o que você escreve!
muito ler esse das gays trambiqueiras, acho que é tudo o que um ser humano precisa
adorei o logo novo!